31 de maio de 2009

Movimento Pendular.

Há duas décadas, exatamente no dia 11 de maio, um choro acompanhado com esperneio expressava bem o que todos os habitantes da Terra sentiam em seus âmagos. Ainda estava recente a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão, o que significava o enfraquecimento de uma das “Grandes Potências“ e com isso a esperança do fim de uma guerra travada pelo “medo”. Nasci em um ano marcado por mudanças, revoluções, protestos, um ano que entrou para história por conter grandes acontecimentos e pelos esforços de jovens como e eu, que por suas ações tornaram possível a chegada de uma nova era e possivelmente um futuro mais justo e melhorado.

Alguns meses depois do mês de maio, vieram os protestos na China, uma cena que todos nós nunca iremos esquecer é aquela onde um jovem chinês fica perante a passagem de um tanque de guerra - Eu estava dormindo calmamente aquele dia - Enquanto no oriente, jovens se opunham contra o governo socialista, no Brasil, pensava-se nas grandes inflações e em como faríamos as compras no começo do mês.

Provavelmente eu tenha gritado junto com meus pais - Mesmo inconscientemente - Quando em Novembro o Muro de Berlin fora derrubado. Depois de três fatos históricos envolvendo a decadência do sistema socialista, estava claro que o massacre e o medo constante estavam com seus dias contados. Em 1939 o mundo já havia se tornado um verdadeiro filme de Hollywood, desde os genocídios e os campos de exterminação, aos fantásticos avanços da medicina e as conjurações robóticas. A partir da ascensão de Hitler, até o fim de fato da guerra “sem sangue”, foram 60 anos de conflitos constantes, não era de se admirar que chegado 1991 com o fim da URSS todos saíram às ruas para comemorar.

Alguns historiadores tiveram até receio em afirmar que, em 1990, com a unificação das Alemanhas Oriental e Ocidental, fosse chamado de 3° “Heich” por conta de não provocar mais atritos e lembranças como o holocausto e de todas as barbaridades que vieram a ser reveladas a partir de 1945.

Provavelmente eu dava os meus primeiros passos em direção ao berço quando em 1991, Gorbachev anunciava a falência do sistema socialista, dando lugar ao imperialismo norte-americano, e possivelmente eu caí e chorei da mesma forma que muitos marxistas ao saberem que o ideal comunista voltava novamente para o “plano das idéias”.

Mas, e vinte anos depois da queda do muro de Berlin? Será que os avanços científicos e econômicos constituíram um cenário mais justo e humano? Logicamente que ao ser retórico esperava que a visão do mundo pós “cortina de ferro” fosse mais otimista. Pois sabendo que depois de anos de conflitos e chacinas em diversos pontos do globo, passamos a girar no sentido anti-horário da história entrando em um ciclo consumista e desumano, tendo valores bem próximos daqueles que foram combatidos pelas frentes de batalha do exército capitalista. O que diriam aqueles jovens que lutaram contra um governo de extrema esquerda, que visava “zelar” pelo nosso desenvolvimento mental e social? É loucura pensar que mesmo o capitalismo tendo vencido uma guerra entre dois blocos econômicos e sociais, ao seu desenrolar, fagocitou elementos típicos de um sistema socialista.

Alguém está vendo as câmeras de “segurança”? Afinal de contas quem é mesmo que estamos vigiando, a nós mesmos ou um ser do mundo das idéias que virar nos matar? É incrível como o jogo pode ser virado contra nós por pequenos pontos de vista. Bastou criar um típico medo na “prole”, que a aceitação de sermos vigiados e rastreados tornou-se algo para nossa segurança. Constrangedoramente, aquele homem cuja vida doou a ver o seu país em liberdade, esteja neste momento contorcendo-se de dor e ódio por saber que seus esforços e a sua vida não valeram de nada em pró da “liberdade”. Será que esquecemos o significado de liberdade ou já perdemos até esta virtude com o passar do tempo? Espero que a minha resposta esteja certa quando afirmo que dentro de nós o conceito de “liberdade” ainda exista, mas não aflorado, mas incubado em uma semente, esperando o momento certo para germinar.

É um verdadeiro alivio saber que história contém em si um verdadeiro ciclo, com movimentos pendulares e periódicos. Este alívio vem pelo fato de sabermos que não importa o mundo caótico que vivamos ou o sistema econômico. O homem busca em si a liberdade, e com isso valores maiores que visam o seu bem-estar. E para chegar nesse nível de evolução, o ciclo da história se repetirá com novas divergências entre idéia e a realidade, e provavelmente chegaremos a uma elevação de bem-estar bem superior, pois dentro de nós existe um instinto que nos faz buscar a melhoria, em outras palavras – Somos verdadeiros mutantes.

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