22 de maio de 2009

Polemica das águas

Motivado pelo “world Water Day”, não podia deixar de escrever sobre certas indignações das quais tenho por conta dessa data. Primeiramente, expresso total desmotivação pelo futuro do mundo, tendo em vista certas atitudes governamentais e de setores privados. É compreensível que vivendo em um bloco econômico dinâmico e competitivo, a visão do lucro, ou em palavras mais técnicas, “a mais valia”, tenha por si só um teor tão destrutivo e desumano.

Mas, neste caso, nós pessoas comuns deveríamos nos sentir protegidos – mesmo que pouco - pelos nossos órgãos de administração pública, os quais mostraram-se bem eficazes injetando capital no mercado e auxiliando a recuperação econômica de grandes Bancos, minimizando assim os danos provocados por uma crise brutal que assola os sonhos dos capitalistas. Infelizmente os interesses econômicos não são destinados as pessoas das quais giram as engrenagens da máquina econômica. Os grandes feitos de intervenções estatais são postas em jogo quando se trata de parceiros de porte maior, como, por exemplo, banqueiros e lavadores de dinheiros, como no caso do polêmico Daniel Dantas.

E pensar que o Estado, aquele que zela por nós, muitas vezes se passando pelo próprio Big brother. Infelizmente, nos tempos atuais, só vem atuando em empreitadas contra seus filhos. O que alguns um dia diriam ser “pátria amada”, hoje já não se sentem acolhidos “em teu seio”. O patriotismo perdeu força da mesma forma que o nacionalismo tem-se internacionalizado. Diversas vezes governantes traíram o seu povo. Sim, aqueles mesmo, os quais colocamos no posto de líder. Exemplo da falta de punhos firmes e nem um pingo de amor ao país. Vimos casos como Cochabamba, onde o governo Boliviano não teve em nenhum momento zelo pelos seus subordinados, enquanto negociava a privatização da água com a empresa norte americana Bechstel. Colocando à margem um povo sofrido e agora sem água.

Fica a grande questão: Onde os valores cívicos e humanistas não são maculados pela sujeira da indústria capitalista? Chego a dizer que para ser vivo, temos que dar mais do que a própria dedicação de não nos matarmos. O dinheiro em nossos bolsos garante um pingo de vida presente em cada um. Viver hoje não é mais uma opção, e sim, um “objeto” de desejo.

Neste dia 22 de março, comemorou-se o dia mundial da água. E com esta data trazemos a superfície do tema, absurdos como as trinta e três guerras presentes nos seis continentes, tendo em comum a disputa pelo controle hidrográfico. Mas acima de tudo, a água, um elemento essencial à vida humana vem trazendo grandes negócios. A indústria da seca no nordeste brasileiro é um dos exemplos de arrecadação de renda. Fora as mortes de crianças desidratadas nos países da África e Oriente Médio, e o assunto mais polêmico e comercial atualmente: Poluição das águas.

Tendo que na superfície terrestre apenas 2% da água é doce, não é de se admirar que disputas por esse elemento essencial a vida a cada dia aumentem. Sendo que o avanço da degradação e o descaso humano ao meio ambiente também tenham se intensificado. É de se admirar ainda mais que não tenhamos entrado em uma 3° Guerra mundial. Provavelmente o valor do litro de água não tenha atingido um preço tão alto como os cem dólares por barril de petróleo. Mas lamento em dizer que provavelmente com o aumento da poluição aos rios, mananciais e nascentes, o valor estimado por litro d’água deva ser bem expressivo nos próximos anos.

Em muitos países da África e Oriente Médio, a realidade da falta de água é bem comum, e mais comum ainda são os constantes conflitos gerados pela falta deste recurso natural.

Nós Brasileiros não convivemos com esta realidade macabra, temos litros e litros de água doce para dar e vender. Talvez achamos absurdo pensar que milhares de pessoas morrem a cada dia por conta da falta deste bem tão precioso. Nós desperdiçamos milhares de litros todos os dias, se contarmos a população nacional. O que para nós é um banho de 30 minutos, para alguns povos significa um mês de água.

Recentemente alguns temas e discussões tem acalorado os ânimos de alguns, neste caso a “Internacionalização da Amazônia” tem tido grande expressão nas pautas discursivas, já que esta possui uma grande reserva ambiental e acima de tudo um volume gigantesco de água doce. Alguns representantes de certas nações alegam que este espaço natural e paradisíaco não deva ser apenas de um único país. Logicamente, que esses estão apenas visando seus interesses de comercialização e exploração desta área valiosa, já que nos países deles não se tem recursos ambientais e hidrográficos tão abundantes.

É de se esperar que os avanços dos conflitos por água atravessem o oceano atlântico e talvez o nosso país pacífico torne-se palco de uma guerra, atualmente apelidada de “guerra d’água”.

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